Knot (Nó)
Magdalena Munchen será em meados de setembro de 2019
Workshops, performances, palestras, discussões e eventos de rede
com artistas femininas internacionais e locais convidadas do Projeto Magdalena.
Eu tenho andado por alguns anos ao longo de nós, extraordinários mas comuns, da minha vida cotidiana.
No começo eu sofri com isso. Até o ponto em que, conscientemente, entrei, não empurrei, na sua jornada. Assim como eu fiz através das contrações durante o parto da minha segunda filha. Me abrindo.
Nesta edição do Magdalena München, convidei algumas artistas que formam o projeto Magdalena para explorar uma jornada através de seus nós.
Nessa abertura, aconteceu à Sylvie Marchand em sua aventura com os e as Rarámuris, (indígenas do norte do México), que se deparou com a força de atar de uma mulher, Elvira Palma, poeta e cantora rarámuri que se dedica a traduzir poemas e canções de seu primo Erasmo Palma. Unindo e permitindo que duas culturas aparentemente e historicamente confrontantes, fossem atadas entrando em relação a cultura oral rarámuri, a linguagem do poder que é o espanhol e saltando para a cultura e língua francesa, que é a de Sylvie. E que anos antes haviam levado o artista e dramaturgo Antonin Artaud às terras de Rarámuris. Tudo isso poderemos ver no documentário que Sylvie irá editar durante sua residência em agosto e setembro de 2019 em Villa Waldberta e que será exibido durante nosso festival.
Os nós podem marcar um fim, mas também um começo, um lugar a partir do qual recomeçar, sem separar-se do passado, tecendo, criando um encadeamento e protegendo-os. À partir da ação, trabalha Dorothea Seror, artista local que vai nos dar um nó com sua performance durante todo o nosso festival.
Muitas vezes, identificamos os nós com a força e o bloqueio, mas pode ser que sejam nada além de uma ferramenta de negativo (1), do trabalho que diz não, e que marcamos em nossa excursão, por onde não devemos ir. É assim que Josune Goneaga trabalha em sua oficina, sempre com senso de humor, trabalhando o ridículo, o ridículo nas mulheres.
Na trajetória do nó é necessário virar-se/dobrar-se, sabendo que quando se vira dessa forma, sobre si mesma, se entra em outro plano. Nesta investigação, podemos retornar correlativamente ao mesmo tempo, ao passado e como Pescadores de pérolas (2) coletar, para depois restaurar e consertar nosso presente.
Remendando e cerzindo dança como a tarântula em sua teia Maristella Martella com a técnica da "Tarantella" do sul da Itália.
Renascemos (3) e nos apresentamos no mundo novas. Após o parto cesáreo da minha primeira filha, eu me dobrei, dando uma volta em mim, invaginando-me, andando no caminho do nó, apareci nova.
Na dança e no canto de Claudia Urrutia há uma dobra, para ver a beleza intacta, que perdura livre de culpa, preservando a beleza original, redimida, tendo repelido os crimes cometidos contra meninas e mulheres na América Latina e no mundo. (4)
Nesta pulseira de nós que é o Projeto Magdalena, Bárbara Carvalho representa a continuidade. Fundadora do Magdalena de Frankfurt, nos presenteará (5) com a força de sua dança embebida nos ritmos afro-brasileiros, da dança de rua, das máscaras e da espiritualidade fascinante da presença do corpo.
No nó começamos, fechamos e protegemos a jornada. Dando à luz a novos inícios, em uma jornada já existente que é o Projeto Magdalena. Por isso, trabalhamos desde 2015 no Magdalena München, criando caminhos entre o teatro e a performance, compartilhando, unindo-nos ao longo dos anos, garantindo o caminho.
Raquel Ro
Künstlerische Leitung, Knot 2019
Notas:
1. Diana Sartori, A Tentação do Bem, A Força Mágica do Negativo, Cadernos Inacabados, Diótima., Horas e horas editorial.
2. Hannah Arendt.
3. María Zambrano a chama de "continue nascendo"
4. María Milagros Rivera Garretas fala sobre Emily Dickinson (https://www.youtube.com/watch?v=jttrGC3GQYg)
5. María-Milagros Rivera Garretas, Significados da beleza do corpo: a questão do adorno feminino. O corpo indispensável. Cadernos inacabados, horas e horas do editor.