Dramaturgia de um Encontro

Em dezembro de 2022, entre os dias 13 e 18, vai nascer um Encontro.

Em dezembro de 2022, entre os dias 13 e 18, vai nascer um Encontro.
Foi cuidadosamente gestado. Vamos parir.

Não tenho filhos, mas sim desejos e combinações privilegiadas que me permitem encontrar maneiras de realizá-los. Para minha sorte, não vou parir sozinha, há outros corações pulsando junto, outras palavras, outras ferramentas. 

Desde o início descartamos a palavra festival, não queríamos seguir a lógica dos festivais que acontecem por aqui e por aí... queríamos mesmo um Encontro. 

Como artistas que somos, a forma que encontramos de pensar em tudo foi de criar uma dramaturgia, ou seja, levantar questões: como começa? quem vem? como dribla as questões de orçamento? onde? como? Quanto tempo? Que cores? Como termina? E principalmente: Por que? Para que? Para quem?

Durante poucos dias estaremos juntas mais uma vez para compartilhar e pensar e comer e estar em cena e sobretudo agir com o que temos diante de nós. Manter viva a faísca, as pequenas coisas que nos mantém em movimento. Creio que já é bastante coisa. Tivemos muito espaço para os pensamentos/crises existenciais nos últimos dois anos, e tenho pensado muito sobre o que faz sentido. Faz sentido um encontro de mulheres? O que é mulher? Quem é mulher? Quais mulheres devem estar? Quais podem estar? Estas questões tão urgentes nos colocam em lugar de aprendizado constante, temos muito que evoluir e mudar na forma como vemos o mundo. 

Pensar uma programação tão condensada com tantos critérios que precisam ser atendidos foi um desafio enorme que compartilhei com Greice Barros, Naná Sodré, Stela Fischer e Luana Navarro. Obviamente não damos conta de tudo, então propomos um encontro que parte de quem somos e abrimos para a diversidade que vem. Plantamos a semente que poderá se desenvolver nesta e em novas edições, com a ideia de não nos esquivarmos das pautas urgentes, possivelmente falhando em um ou outro aspecto. E acho que é sobre isso uma dramaturgia, sobre colocar algo no mundo e deixar que a troca aconteça, escancarar as fragilidades, as potências, e seguir refinando, transformando.

O Encontro Internacional de Mulheres da Cena – Edição Reverbe nasce em 2022, e eu sou muito grata à vida por esta oportunidade.