Atravessando o(s) Portal(is)
Foi um ano forte. Emergindo da pandemia talvez sejamos novas pessoas habitando novas paisagens. Talvez tenhamos passado pelo 'portal' como Arundhati Roy sugeriu. Certamente houve mudanças.
O Magdalena também ressurgiu. Em abril, Stacy Klein organizou seu Magdalena em Ashfield, Massachusetts, como parte das comemorações do 40º aniversário de sua companhia - Double Edge. Foi um festival adorável e generoso, recebendo entre outrs Geddy Aniksdal do Grenland Friteatre, Deborah e Ana Correa do Yuyachkani e pude fazer minha performance Daughter, com um grupo muito forte de mulheres americanas. O trabalho apresentado foi diverso e refrescantemente desafiador no espírito de provocação incansável de Stacy.
Um portal mais significativo que foi atravessado foi durante o 10º Festival Transit de Julia Varley - O Esplendor das Idades. Eu visitei o maravilhoso espaço do Odin quase todos os anos da minha vida desde os meus 24 anos. Tem sido um pilar fundamental da minha carreira. Desta vez, eu sabia que estava dando minha última olhada naquele edifício icônico. Ainda fervo quando penso nas atitudes míopes que levaram ao êxodo das forças vitais centrais que desenvolveram este refúgio extraordinário, generoso e inspirador. Mas do outro lado do portal, o ODIN, previsivelmente, ressurgiu como uma fênix das chamas.
Em setembro, o segundo Magdalena de Viviana Bovino em Ayllon, Espanha, foi novamente um sucesso retumbante, celebrando a bela cidade e sua comunidade. Um destaque foi uma entrevista do Zoom com Patricia Ariza, que se tornou ministra da Cultura do novo governo de esquerda na Colômbia. A sua primeira tarefa foi mudar o nome do ministério - Ministério das Culturas, das Artes e dos Saberes. Fico sem fôlego com as notícias diárias dos encontros que ela está fazendo acontecer. A Colômbia passou pelo portal com a ação inclusiva corajosa e intransigente deste novo governo.
Também em setembro a prolífica Bárbara Luci Carvalho produziu mais uma vez seu Festival Internacional da Mulheres. E em novembro na França, Marion Couterel em Montpelier e Silvia Moreno em Albi criaram eventos como etapas em direção aos seus Magdalenas em 2023 e 2024, respectivamente.
E o primeiro Magdalena de Janaina Matter - Reverbe - acaba de ser realizado em seu espaço em Curitiba, Brasil, com curadoria conjunta de um grupo diversificado de mulheres de todo o Brasil. Esperamos para ouvir suas reflexões sobre os resultados.
Quem sabe que presentes e experiências o ano que vem vai oferecer – mas, à medida que ressurgimos, tenho uma confiança infinita de que esta comunidade continuará a criar e promover o lugar da arte e da voz das mulheres. Feliz Ano Novo.
jill Greenhalgh
Gales, 29 Dezembro 2022
Tradução Janaina Matter